dezembro 23, 2005

 

Feliz Natal (espero)

A título de mensagem de natal, direciono vocês a
essa charge do excelente site Grumpy Gamer, que é mantido pelo Ron Gilbert - criador de vários dos melhores adventures da era de ouro da LucasArts, como Maniac Mansion e o clássico supremo Monkey Island.

Não é uma mensagem lá muito positiva, mas sim uma paródia das eternas portas na cara que desenvolvedores independentes têm levado dos publishers nessa era de "mais, mais, mais" do "mesmo, mesmo, mesmo." A mensagem de natal que eu quero passar junto dessa charge é: um dia, nós olharemos para essa charge e riremos não de desânimo, mas de satisfação por essa era ter passado :)

Feliz natal para todos, e que muitos jogos (originais, espero) apareçam embaixo da árvore no domingo ;)

dezembro 20, 2005

 

Boas novas!

De acordo com essa notícia, postada no Gamasutra, um grupo de developers independentes criou a IDEA - Independent DEvelopers Association - para reunir e prestar serviços aos desenvolvedores independentes. O que me deixou mais otimista em relação à notícia é que um dos fundadores da IDEA é a Bohemia Interactive, criadora do excelente Operation Flashpoint. Quem conhece a história do pessoal da Bohemia sabe que eles são um ótimo exemplo de softhouse independente que deu certo :) É bom saber que eles estão repassando esse know-how adiante!

Só resta saber exatamente que serviços eles prestarão, e como. Vamos torcer para que essa IDEA dê certo (perdoem o péssimo trocadilho)

dezembro 19, 2005

 

A Batalha de Tetris

Ok, além de pretenso game designer, eu também sou um pretenso-pseudo historiador dos jogos :P Adoro colecionar anedotas e "causos" da indústria, e de vez em quando vou publicar alguns por aqui. Um dos que eu mais gosto é a história do Tetris, que é uma verdadeira saga, com direito a batalhas jurídicas, espionagem, guerra fria e o escambau. Então, para oficialmente inaugurar esse blog, trago a vocês com exclusividade:

A Batalha de Tetris
Ópera em 3 atos
(URSS, Reino Unido, EUA - 1985)

Elenco:
URSS:
Alexey Pazhitnov - Programador russo, membro da Academia de Ciências de Moscou. Inventor do Tetris.
ELORG (ou Elektronorgtechnica) - Consórcio governamental russo para negociação de tecnologia desenvolvida no país.
Alexander Alexinko - Diretor da ELORG e principal responsável pelas negociações.
Evgeni Belikov - Negociador e representante da ELORG.

Reino Unido:
Robert Stein - Presidente da softhouse britânica Andromeda.
Mirrorsoft UK - Softhouse britânica, membro do império de mídia de Robert Maxwell. Empresa-irmã da americana Spectrum Holobyte.

EUA:
Henk Rogers - Presidente da Bullet-Proof Software (BPS), softhouse aliada à Nintendo.
Robert Maxwell - Dono de um conglomerado multinacional de empresas de mídia, que inclui as softhouses Spectrum Holobyte e Mirrorsoft.
Spectrum Holobyte - Softhouse americana, empresa-irmã da Mirrorsoft UK. Pertence ao império de Robert Maxwell.
Tengen - Selo americano subsidiário à Atari.
Bullet-Proof Software - Game Developer baseada nos EUA ligada à Nintendo of America.
Kevin Maxwell - Filho de Robert Maxwell.
Minoru Arakawa - Presidente da Nintendo of America.
Howard Lincoln - CEO da Nintendo of America.

Prólogo

União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Junho, 1985. Alexey Pazhitnov, um jovem programador Russo, gosta de usar seu tempo livre tentando desenvolver jogos de computador com seus colegas, na esperança de ter sucesso e até algum retorno financeiro. Um belo dia, Alexey compra um quebra-cabeça Grego chamado "pentaminó", que consiste em juntar peças formadas por 5 blocos em um tabuleiro. Depois de muito brincar com o quebra-cabeça, Pazhitnov chega à conclusão que, para ser mais divertido, o jogo precisaria de um desafio a mais, como um limite de tempo para encaixar as peças.

Alexey então vislumbra um jogo de "pentaminó" em que as peças caem dentro de um copo, se encaixando quando atingem o fundo. Porém, acha que a complexidade dos pentaminós é muito grande para um jogo desse estilo, então resolve fazer apenas peças de 4 blocos, um "tetraminó". Nasce assim, em Moscou, Tetris.



Overture

Ato I

O jogo rapidamente se torna uma febre nos laboratórios da Academia de Ciências de Moscou. Desenvolvido para um Electronica 60 por Pazhitnov, ele é portado para o IBM-PC por um colega de Alexey, Vadim Gerasimov, e se dissemina ainda mais, parando apenas nos limites da Cortina de Ferro.

Eventualmente, por um capricho do destino, uma cópia do jogo vai parar nas mãos de programadores húngaros, que o levam para Budapeste e criam mais dois ports, um para o Commodore64 e o outro para o Apple ][. Vencidos os limites territoriais da União Soviética, Tetris se espalha como um vírus pela Europa. É assim que o jogo chega à atenção de Robert Stein, presidente de uma softhouse britânica chamada Andromeda.

Percebendo o imenso potencial do jogo, ele faz planos de conseguir os direitos de comercialização da versão para PC com Pazhitnov, e das versões de Commodore64 e Apple ][ com os programadores húngaros, e revendê-los para outros países. O problema, é que Stein revende os direitos da versão PC antes de conseguí-los com Pazhitnov.

O comprador dos direitos é Robert Maxwell, dono de um conglomerado de empresas que, entre outras, engloba a Mirrorsoft UK na Inglaterra e a Spectrum Holobyte nos EUA. Ele incumbe as duas de produzirem as versões comerciais de Tetris para PC na Europa e na América, respectivamente. Os jogos são lançados e o sucesso é instantâneo. Enquanto isso, Stein ainda não conseguiu assegurar os direitos com Pazhitnov, e então resolve literalmente roubá-los, alegando ter sido a versão para PC desenvolvida pelos húngaros (de quem ele havia adquirido as versões de Commodore64 e Apple ][). Seus planos são frustrados quando, diante do sucesso arrebatador do jogo para PC, a rede de televisão CBS vai a Moscou e entrevista o criador do jogo, Alexey Pahzitnov.

A entrevista é exibida em cadeia nacional nos EUA, e Stein se vê numa situação difícil. Ao saber que um jogo russo está sendo revendido com direitos adquiridos irregularmente, o governo soviético bota a responsabilidade da negociação nas mãos da ELORG, consórcio que é responsável por qualquer negociação de software desenvolvido no país para o exterior. Stein então começa uma intensa negociação com Alexander Alexinko, diretor da ELORG. Alexinko ameaça cortar completamente os direitos de Stein em represália à sua revenda irregular de direitos, e Stein contra-ameaça criar um incidente diplomático se isso acontecer. Os meses seguintes são tensos para ambos.

Enfim, depois de muita pressão, Stein consegue um contrato para comercializar o jogo apenas para computadores, expressamente o proibindo de licenciá-lo para qualquer outra plataforma, já inventada ou não. Enquanto isso, Robert Maxwell, alheio à situação dos direitos por ele adquiridos de Stein, resolve sublicenciar versões para outras plataformas (arcade, consoles e computadores) de Tetris. Assim, tanto a Mirrorsoft quanto a Spectrum noegociam, simultaneamente, os exatos mesmos direitos para duas empresas diferentes. Enquanto a Mirrorsoft revende para a Atari os direitos de fazer versões de Tetris nos EUA e no Japão, a Spectrum Holobyte revende os direitos de um Tetris japonês para uma empresa chamada Bullet-Proof Software, encabeçada por Henk Rogers.

Percebida a confusão, as empresas recorrem a Robert Maxwell para resolver o impasse. Maxwell favorece a Atari, mas reserva à Bullet-Proof Software o direito de lançar uma versão para o Famicom, console japonês da Nintendo. Enquanto isso, a Atari delega ao selo Tengen a missão de lançar uma versão de Tetris para Arcade e uma para o NES, versão americana do Famicom. A versão arcade é lançada com bastante sucesso nos EUA, e a versão do NES é posta em produção. Enquanto isso, no Japão, a BPS de Henk Rogers lança seu Tetris para o Famicom, também com bastante sucesso.

O tempo passa, e em novembro de 1988, o Game Boy está para ser lançado. Henk Rogers convence a Nintendo de que seu Tetris seria o jogo perfeito para o lançamento do portátil. Assim, consegue aval da Nintendo para negociar com Robert Stein os direitos para lançar Tetris em aparelhos portáteis. Rogers entra em contato com Stein, mas este não lhe dá atenção. Então, Rogers decide ir pessoalmente a Moscou tratar diretamente com a ELORG. Ao mesmo tempo, Stein, pressentindo que Rogers iria tentar algo do tipo, e sabendo não ter oficialmente os direitos para versões portáteis de Tetris, voa para Moscou também. Paralelamente, o filho de Robert Maxwell, Kevin, decide também ir a Moscou tentar resolver a bagunça das licenças de Tetris de propriedade da companhia. Os três viajam a Moscou exatamente ao mesmo tempo.



Ato II

As semanas seguintes são dignas de um romance de espionagem da guerra fria. Rogers é o primeiro a chegar, e logo no aeroporto encontra uma russa muito simpática, que fala inglês fluentemente e o ajuda bastante. A princípio confuso, pouco tempo depois Henk compreende tratar-se nada mais nada menos do que uma agente da KGB! Aparentemente, o fato de 3 empresários viajarem simultaneamente a Moscou para falar com a ELORG sobre o mesmo assunto atraíra as atenções do serviço de inteligência soviético. Da primeira à última reunião que Rogers teve com membros da ELORG e com Pazhitnov em solo russo, haveriam agentes da KGB a paisana acompanhando.

Nesse clima esquisito, Rogers tem em 22 de Fevereiro de 1989 sua primeira negociação com Alexey Pazhitnov e um representante da ELORG, Evgeni Belikov, sobre os direitos de Tetris para portáteis. Rogers impressiona bem os soviéticos, especialmente Pazhitnov, e a negociação é bem sucedida. Tudo estaria tranquilo, não fosse o fato de Rogers ter aproveitado a reunião para mostrar a Belikov e Pazhitnov um cartucho da sua versão de Tetris para o Famicom. Belikov fica chocado, e o clima muda completamente. Pressionado a dar explicações, Rogers diz que adquiriu os direitos da Tengen, o que piora o clima ainda mais, pois ninguém ali havia ouvido falar em Tengen. Rogers, apavorado, conta então toda a história sobre Stein, Maxwell e as negociações dos direitos de Tetris - história que Stein havia convenientemente omitido nas conversas com Alexinko. Rogers imediatamente escreve um cheque para Belikov a título de royalties da versão do Famicom, e promete que o compensará com novos cheques de acordo com as vendas dos cartuchos. Os russos finalmente se acalmam um pouco.

Passada a saia-justa, Henk Rogers começa a enxergar a situação como uma ótima chance de conseguir oficialmente os direitos de console para si, mesmo sabendo que a Atari iria em seu encalço. Acreditando que teria a Nintendo do seu lado para auxiliar na batalha judicial que estava por vir, Rogers negocia então o direito oficial de produzir Tetris para consoles, com a ajuda de Pazhitnov, que havia simpatizado com ele. Várias vezes, ao longo da reunião, Pazhitnov chama discretamente Rogers para longe dos olhos e ouvidos dos agentes da KGB, para dar dicas e orientar Rogers na negociação. Finalmente, Belikov e Rogers chegam a um acordo satisfatório e assinam contrato.

Mais tarde nesse mesmo dia, Robert Stein chega à sede da ELORG, e é imediatamente confrontado por um Belikov furioso sobre as versões não-autorizadas de Tetris que ele havia negociado à revelia. Assustado, Stein assina sem ler direito uma alteração de seu contrato original, exigida por Belikov. Mais tarde, ele percebe que na alteração há uma linha dizendo ser a licença para "Computadores PC que consistem em um processador, monitor, drives de disco, teclado e sistema operacional", o que entende ter sido uma manobra orquestrada por Rogers. No dia seguinte, então, Stein volta para tentar corrigir o deslize. Apesar de seus protestos, a ELORG lhe nega a venda dos direitos de versões portáteis (já adquiridas por Rogers), e ele consegue somente regularizar sua posse dos direitos para Arcades, num contrato assinado 3 dias depois.

No dia seguinte à reunião de Rogers com a ELORG, Kevin Maxwell finalmente chega à empresa e é imediatamente confrontado com o cartucho de Famicom trazido por Rogers no dia anterior. Porém, Kevin desconhece a venda dos direitos à Atari feita por sua própria empresa, e portanto alega não fazer idéia do que seja aquilo, até que vê o logotipo da Mirrorsoft no cartucho. Sem compreender, ele afirma com veemência ser o cartucho uma cópia pirata, e logo prossegue com seu objetivo principal - resolver a situação legal dos direitos da empresa. Sai de lá praticamente de mãos vazias, tendo garantido apenas o direito de disputar quaisquer futuros direitos sobre o jogo que viessem a ser negociados. Um resultado bastante desapontador para Kevin, mas satisfatório para a ELORG, que agora tinha oficialmente uma declaração de que as fitas produzidas pela Atari eram "piratas" - uma revogação oficial de qualquer direito prévio de posse ou revenda dos direitos para console por parte do conglomerado Maxwell. O caminho estava livre para a Nintendo fazer sua oferta, e o império de Robert Maxwell só poderia garantir seus direitos sobre os cartuchos já produzidos e comercializados se fizesse uma oferta melhor.

Em 15 de Março de 1989, a Nintendo of America, presidida por Minoru Arakawa, faz sua proposta financeira para a ELORG pelos direitos da versão de consoles de Tetris. O valor não é revelado, mas é grande o suficiente para a Tengen nem sequer tentar superar. Em 22 de Março, o contrato é assinado em Moscou, e inclui uma declaração de Belikov de que nem a Tengen, Atari, Mirrorsoft, Spectrum Holobyte ou Andromeda possuem direito a produzir ou comercializar Tetris para consoles, sendo esse direito reservado inteiramente à Nintendo. Uma grande festa é dada no hotel onde os representantes da Nintendo estão. Agora, restava apenas vencer a inevitável batalha jurídica com a Atari...



Ato III

Howard Lincoln, o CEO da Nintendo of America, envia o fatídico fax de "ceda e desista" para a Atari, demandando a completa cessão da produção e comercialização de Tetris para o NES. Tanto a Atari quanto Robert Maxwell, furiosos, reafirmam que possuem os direitos para a produção e venda do cartucho, e começam uma empreitada para garantir a prevalência de sua versão. A Atari encaminha para o escritório de patentes um pedido de copyright sobre o "trabalho audiovisual, código-fonte e trilha sonora" de Tetris, sem mencionar Alexey Pazhitnov ou a Nintendo no documento. Enquanto isso, Robert Maxwell usa de sua influência para acionar os governos britânico e soviético para interferir na causa em seu favor. Consegue inclusive uma promessa pessoal do próprio Mikhail Gorbachev de que seu caso está garantido. Imediatamente, o Partido Comunista começa uma guerra interna com a ELORG sobre o assunto.

Ao mesmo tempo, Lincoln voa para a União Soviética, para coletar testemunhos de Pazhitnov, Belikov e Alexinko - que haviam declarado no próprio contrato com a Nintendo estarem dispostos a ir até os Estados Unidos para testemunhar em favor de sua causa. A Tengen abre processo contra a Nintendo, que imediatamente abre contra-processo contra a Tengen. Começa a batalha por Tetris.

O caso logo se concentra em um único ponto de discordância - se a definição de "computador" que figura no contrato assinado por Stein em fevereiro incluiria ou não o NES. A Atari argumenta que o NES fora criado para ser um computador, e a Nintendo contra-argumenta que a intenção da ELORG nunca havia sido licenciar direitos para consoles, e sim para computadores PC. Prevalece o argumento da Nintendo. Em 15 de Junho de 1989, o juíz Fern Smith dá o caso à Grande N, e manda cumprir a cessão e desistência impetrada por esta à Tengen. As cópias da versão da Tengen são retiradas das lojas e jogadas em um depósito, e a produção é interrompida.

No mês seguinte, a versão oficial da Nintendo do Tetris para NES é lançada, vendendo 3 milhões de cópias nos EUA, e pouco depois o Game Boy é lançado, trazendo o jogo já na embalagem, o que, segundo analistas, foi o grande responsável pelo sucesso da plataforma. A batalha judicial ainda se arrasta por anos, mas a Tengen e a Atari finalmente esgotam seus recursos. As cópias de sua versão têm fim desconhecido, provavelmente destruídas. Assim termina a história de um dos jogos mais viciantes e famosos do mundo e de como ele driblou a cortina de ferro e ganhou o mundo.



Epílogo

Como toda história de espionagem, há mais sobre a batalha por Tetris do que aparenta. Durante o longo e desgastante processo que durou até 1993, Robert Maxwell viu seu império entrar em franca decadência e, por fim, morreu em circunstâncias misteriosas, levantando suspeitas sobre envolvimento dele com crime organizado e sobre a legalidade de seus empreendimentos. A Atari também foi, pela segunda vez na história, revendida por uma bagatela depois do prejuízo incomensurável que o episódio Tetris lhe causou.

Robert Stein fez um dinheiro considerável com Tetris, mas apenas em cima dos direitos para a versão PC, revendidos à Spectrum Holobyte. Como os direitos que ele vendera à Tengen e à Mirrorsoft eram irregulares, ele também não teve muito sucesso em recolher os royalties do lucro gerado por essas versões. Hoje em dia, Stein ainda lembra do episódio como tendo sido um grande prejudicado por Henk Rogers e sua Bullet-Proof Software.

Já Alexey Pazhitnov, apesar do reconhecimento internacional (e de alguns mimos do governo comunista, como um quarto mais arrumadinho do que o dos colegas e um computador 286 de presente), não ganhou um centavo sobre as revendas de seu jogo até 1996 - o governo soviético não reconhecia direitos pessoais sobre software produzido em seu solo, e todo o lucro da ELORG sobre o Tetris, por 10 anos, foi contabilizado para o tesouro nacional. Apenas quando os direitos expiraram, e bem depois do fim da União Soviética, Pazhitnov pôde começar a comercializar seu próprio jogo.

Nessa ocasião, Alexey Pazhitnov havia se mudado para os Estados Unidos, a convite do amigo Henk Rogers, e junto com ele fundou a Tetris Company LLC, e finalmente começou a receber os royalties de seu jogo.




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Fontes:

BBC News
Atari Headquarters
Wikipedia.org
Kinox.org

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