maio 10, 2006

 

XBox 360 - A Fênix do Mercado de Consoles Nacional??

Depois de um longo período de inatividade do blog (devido a compromissos pessoais aliados à falta de novidades merecedoras de nota aqui), eis que voltamos com uma verdadeira bomba!

Caso você, caro leitor, esteja vivendo num caverna (ou, ok, caso você não seja rato de sites especializados) e ainda não saiba, Bill Gates anunciou ontem, na conferência pré-E3 da Microsoft, que o XBox 360 vai expandir sua área de distribuição oficial para vários países. E entre eles, grande surpresa, está o Brasil!

Mas o que isso quer dizer, além de que poderemos, provavelmente, comprar o console da Microsoft nas Casas Bahia? Bem, na humilde opinião deste que vos escreve, esse é um dos acontecimentos mais importantes dos últimos tempos para os desenvolvedores brasileiros.

Até hoje, o blog tem se focado no desenvolvimento de jogos para PC, Web e Celulares, simplesmente porque 90% dos jogos desenvolvidos no Brasil são para uma dessas 3 plataformas. Mas isso não quer dizer que os developers brasileiros não tenham competência (ou vontade!) para desenvolver jogos de consoles. O problema sempre foi a falta de representação oficial das grandes empresas no Brasil. O Brasil tem sido preterido pela Sony e pela Microsoft desde o início das investidas de ambas as empresas no setor. Aliando-se isso à falência da divisão de consoles da Sega (representada aqui pela Tec Toy, que hoje prepara sua volta triunfal investindo pesadamente no setor mobile) e aos problemas da Nintendo com a pirataria e a perda de consumidores para o próprio PlayStation, que mesmo sem representação oficial foi o console mais vendido de sua geração, com o PlayStation2 liderando a geração seguinte, o resultado foi uma total inexpressividade do mercado brasileiro aos olhos das fabricantes durante as duas últimas gerações.

Ainda assim, muitos desenvolvedores nacionais tentaram - e muito - conseguir os kits de desenvolvimento dos consoles atuais. Porém, a resposta tanto da Sony quanto da Microsoft foi sempre a mesma: nada feito! Não faz sentido, para eles, deixar um jogo ser desenvolvido para o console em um mercado onde o mesmo não é vendido oficialmente. E, no fundo, eles têm alguma razão. O que não diminui a frustração dos estúdios brazucas diante da constante negativa das fabricantes.

E eis que, agora, a Microsoft anuncia o XBox brasileiro! Isso elimina o argumento mercadológico, e, no mínimo, injeta novas esperanças nas empresas nacionais que sonham em desenvolver para consoles. Claro que ainda não há detalhes da empreitada. Pode ser que a representação seja meramente figurativa – a Microsoft pode somente colocar máquinas à venda nas principais lojas com preços semelhantes aos dos importados, apenas pra garantir os royalties das vendas, e deixar por isso mesmo. Mas o que está em jogo aqui é o possível renascimento do mercado oficial de consoles no Brasil, e por isso devemos pressionar a MS Brasil o máximo que pudermos para que liberem kits de desenvolvimento para as softhouses nacionais, e, principalmente, que invistam moderadamente, se possível pesadamente, em marketing. Não que eles precisem de incentivo, porque esse jogo a MS já joga há muitos anos e com maestria. Mas é imperativo que essa janela não passe em branco. Queremos o XBox 360 patrocinando o Campeonato Brasileiro, com inserções na TV, com grandes cartazes nas lojas de departamento. Queremos uma campanha de marketing nos padrões Microsoft. Com sorte, os consumidores "adormecidos" mostrarão sua força, e talvez isso faça até com que a Sony corra atrás do prejuízo e tente lançar aqui o PS3 (uma vez que as complicações legais quanto ao copyright do nome PlayStation no Brasil já se resolveram)! Sonhar não custa nada!

Mas a melhor e mais animadora parte da notícia tem um nome: XBox Live Arcade.

O Live Arcade é a central de jogos casuais online do XBox 360, e tem sido aclamado no exterior por estar se tornando o principal canal de entrada dos pequenos desenvolvedores independentes no mercado de consoles. Como os jogos casuais demandam bem menos tempo de desenvolvimento e tamanho de equipe do que os títulos principais do console, muitos estúdios pequenos que antes só faziam jogos para Web e PC agora têm um canal de mercado no console da Microsoft, através do Live Arcade. E a chegada oficial do sistema no Brasil abre, para nós game developers tupiniquins, uma porta escancarada e convidativa em uma muralha aonde, até ontem, procurávamos inutilmente uma mísera brecha. Anotem o que eu digo: desenvolver para o XBox Live Arcade acaba de se tornar o plano de carreira mais atraente para quem sonha em, um dia, fazer títulos AAA para o mercado internacional multi-plataforma de consoles. É óbvio que menos de 1% dos aplicantes chegará a esse nível, mas 1% é muito mais do que 0%, e o espírito desbravador dos game designers nacionais vai ajudar muito nessa empreitada.

Portanto, colegas desenvolvedores, vamos arregaçar as mangas e conseguir esses kits de desenvolvimento a qualquer custo! Por menor que seja a chance, ao menos agora ela existe, e o momento de agarrá-la é agora!

Comments:
Rafael, eu entendo o teu entusiasmo, mas acho que tu estás desconsiderando um fator importante. Os jogos para PC, que custam em torno de 100 reais, já vendem pouco no Brasil. Assumindo que os jogos para XBox 360 custem o mesmo, por que esse quadro mudaria? O alvo das empresas brasileiras de games continuará sendo o mercado externo, pois o nosso é simplesmente medíocre.
Quando ao Live Arcade, li recentemente no gamedev que a Microsoft limita muito quem pode desenvolver para o mesmo. Basicamente, só jogos que já são sucesso no PC conseguem sair no Live Arcade.
Eu sinceramente espero estar errado, mas acredito que continuamos na mesma situação de sempre, independente da Microsoft lançar ou não o Xbox 360 no Brasil.
 
Leandro, na primeira matéria publicada do blog (sobre os problemas e soluções do mercado) eu comentei sobre isso: não é só a pirataria que faz com que o mercado seja ruim, tem vários outros fatores, sendo o principal (na minha opinião) a falta de marketing oficial. A Sony e a Microsoft têm campanhas amplas de marketing sobre seus consoles nos EUA, e é assim que eles angariam mercado. O PlayStation pode ser um sucesso aqui e amplamente pirateado, mas isso é porque ele NUNCA foi um produto "oficial". Claro, pode-se achar jogos originais em lojas de importação, mas quantas propagandas desses jogos você vê por aí? Eu só conheço um meio que divulga agressivamente os jogos: aqueles camelôs que ficam gritando os nomes dos títulos recentes no meio da rua. Se houvesse um canal oficial de venda e campanhas de marketing eficientes (como, espero, teremos agora), garanto que muita gente mesmo iria passar a comprar os jogos originais.

Além disso, ninguém disse que os Brasileiros só podem desenvolver para o mercado nacional. O mercado de XBox é mundial, e um título que faça sucesso aqui pode facilmente ser lançado em outras regiões. Basta mostrar competência. Essa é a verdadeira chance que se apresenta! Mas é claro que é preciso muito cuidado e muita visão para evitar erros fatais, como fazer jogos que não apelem ao "estilo" do consumidor do XBox e nem tentar fazer um jogo de um gênero que já esteja dominado por uma softhouse estrangeira com muito mais experiência e técnica.

Quanto ao Live Arcade, eu tenho lido exatamente o contrário - que a Microsoft tem incentivado o desenvolvedor independente (coisa que a Nintendo também anunciou que vai fazer no Virtual Console do Wii), ao contrário da Sony, que inibe mais e mais o desenvolvimento independente para o PSP através de atualizações de firmware forçosas e debilitantes do sistema. De qualquer forma, só há um meio de saber: pedindo o SDK à Microsoft e vendo o que eles respondem :P

O assunto da pirataria e do mercado, no entanto, é muito rico. Outro dia eu conto aqui a história da Stardock e do Galactic Civilizations II, um recente best-seller sem qualquer proteção anti-cópia ;)
 
O Xbox 360 é um produto ainda fora da realidade brasileira. Lançar ele aqui pelo mesmo preço que as lojas vendem nos shoopings não vai mudar em nada a situação. Mesmo que seja mais barato que os importadores ainda sim vai ser um produto caro o bastante para se tornar popular.

A situação não muda muito nem para os jogadores, muito menos para os desenvolvedores.

Kits de desenvolvimento são negados para os brasileiros não apenas porque não temos os consoles aqui oficialmente, eles negam porque tem um rígido controle de qualidade e só autorizam alguém a programar se provar que é capacitado para isso. Empresa sem bons jogos lançados dificilmente vai conseguir kit de desenvolvimento da Sony, Nintendo ou Microsoft.

Um bom exemplo positivo é a Madgam que depois de montar um belo portifólio de games para celular conseguiu autorização da Nintendo para DS e GBA, mesmo não sendo equipamentos oficialmente lançados no Brasil.

Se eu não me engano a Continnum tem licensa para Xbox, e mais alguma outra empresa brasileira também.
 
Rafael, duvido que a Microsoft vá aceitar colocar um título no Live Arcade que seja para o mercado brasileiro somente. Então não tem como o título fazer sucesso aqui. O único meio de colocar um título no Live Arcade é tendo portfolio forte de jogos casuais. Até onde eu sei, nenhuma empresa brasileira emplacou um best-seller. A Microsoft escolhe "a dedo" o que sai no Live Arcade. Basta ver que eles têm o Live Arcade Portfolio Planning Team. Em resumo, a plataforma para quem está começando continua sendo o PC.
Mais uma coisa: a Microsoft favorece os independentes, não os iniciantes. Existe uma diferença enorme aqui. O caminho para começar continua sendo o PC.
 
Acho muito mais plausível manter a esperança e esperar os acontecimentos do que não tentar simplesmente por achar que não da certo, o mercado é conhecido por suas surpresas, ou a indústria de música achava que miniaturização de HDs e compressão de música revolucionariam seu mercado com o iPod?
 
certamente será o primeiro passo a ser conquistado por nós, desenvolvedores sendo q a estrada a percorrer tenha uns 100 km, mas ja sair do lugar é muito importante, agora é batalhar mostrar valor e provar que tbm somos bons em criação de jogos.
 
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